Publicado por Lucinda Maria Brito em 08/01/2021, às 16:59 horas in: https://www.facebook.com/lucindamaria.brito/posts/3379652865491013


TRAVANCA DE LAGOS – TOPÓNIMO
A freguesia de Travanca de Lagos é do domínio do concelho e comarca de Oliveira do Hospital.
A ocupação humana do território deverá ser bastante remota, a julgar pela proximidade da freguesia de Bobadela, onde os vestígios da romanização peninsular são expressivas, do que se conclui que o povoamento da freguesia de Travanca, remonte não ao século XII, mas à época romana.
A paróquia de S. Pedro de Travanca é de instituição anterior ao século XIII. No entanto, a proximidade da igreja moçárabe de Lourosa, cujo orago é também S. Pedro, leva a crer que a igreja desta freguesia seja de fundação pré-Nacional. Nas Inquirições de 1258, é referido que a terra e a igreja são possessões da coroa: “villa de Travanca et eccleia est domino rege regalenga”, mas os direitos reais, eram por vezes aí usurpados. Em Travanca existia um celeiro real, para nele se depositarem os foros da coroa “ad cellarium de Travanca”, segundo as mesmas Inquirições.
A freguesia de Travanca de Lagos tem um vasto património cultural edificado: na capelas de Santo António em Travanca de Lagos, na capela de Nossa Senhora da Expectação em Negrelos, no edifício da Junta de Freguesia e no cruzeiro. Existem outros locais de interesse turístico na freguesia, como é o caso das margens do rio Cobral, da área do lagar, das grutas naturais da Mata do Búzio e da Lapa de Andorinha e em várias fontes de mergulho.
A freguesia é composta pelos lugares de Travanca de Lagos, Andorinha, Negrelos e Adarnela (mais correctamente, deveria dizer-se Adernela).
E o topónimo? Vamos a ele.
A palavra travanca (ou travanco) ainda hoje existe e significa empecilho, obstáculo, embaraço…
O mais antigo documento do ano de 969, refere que uma tal D. Múnia ou Muna, irmã da famosa condessa Mumadona, doa ao Mosteiro do Lorvão a terra de Midões e outras (como Touriz) e diz-se que confronta com a “villam de Travanca”. E já aparecia com esta forma gráfica aproximadamente. Como mais tarde, na Carta de D. Afonso Henriques de 20/03/1133 e nas actas das Inquirições de 1258. Ora, a Travanca de Oliveira do Hospital nasce numa grande ladeira que só vai acabar no rio Cobral. Por isso, será de admitir que se trata da aglutinação dos elementos celtas tra (“por sobre”, dominando) e banc (ribanceira, colina, ladeira). De Lagos, para se distinguir de outras terras portuguesas com este nome e pela sua ligação municipal.
Travanca de Lagos tem um vasto e interessante património. As suas gentes são empreendedoras e muito activas.
No dia 25/04/2011, os jovens iniciaram um projecto com uma tarde de jogos tradicionais, na Casa do Povo de Travanca de Lagos. No ano seguinte ganhou o nome de ORIGENS, uma mostra cultural que tem vindo a realizar-se todos os anos, como um festival e, agora, durante 3 dias.
Também dos jovens partiu a iniciativa de construírem pelo Natal uma gigantesca Árvore de Natal Ecológica, feita apenas com materiais recicláveis e que se destinaria a fazer parte do livro Guiness dos recordes. No primeiro ano conseguiu atingir 12 metros de altura, mas foi destruída pelo mau tempo. No ano seguinte atingiu 15 metros. Isto aconteceu nos anos de 2013 e 2014. Uma bela iniciativa que, infelizmente, não teve continuidade.
Por tudo o que já foi dito e pelo muito que poderia ainda dizer-se, oferece esta bela aldeia muitos motivos para ser visitada.
Igreja de Travanca de Lagos (orago: S. Pedro)
Capelas (no lugar de Negrelos) e da Nossa Senhora da Expectação
Capelas de Santo António (duas) e de Santa Marinha
Cruzeiro
Edifício da junta de freguesia
Casas antigas
Lagar
Trecho do rio Cobral
Grutas da Mata do Búzio
Várias fontes de mergulho, algumas de origem romana
Várias casas (algumas em ruínas), símbolos cruciformes e vestígios do criptojudaísmo
Deliciem-se com as tradições, percorram as ruas estreitas e recheadas de História, visitem as casas, as capelas, apreciem as fontes… tudo na sua pureza natural. Encontrarão romanos, judeus, que por ali andaram e deixaram marcas. Gostei de saber muito que não sabia acerca desta terra do meu concelho.
Lucinda Maria (apoiada no livro do meu conterrâneo e querido amigo Dr. Francisco Correia das Naves; fotos de Google)