Igreja Paroquial /Matriz

O Titular é São Pelágio. Templo do séc X, foi mudado de sitio (de fora para dentro da povoação), tendo sido reedificado em 1745, conforme consta na frontaria da sua entrada principal.

Igreja Matriz

Igreja Matriz

Tem uma frontaria com porta e janela do coro de vãos rectangulares de friso e cornija, do séc. XVII e XVIII.
A torre sineira situa-se à direita, adossada à fachada principal com esquinas em linha ondulada, remate de balaustrada e cobertura bolbosa e quadrada; obra do final do séc. XVIII ou começo do seguinte.
Tetos em apainelados simples. Existem três retábulos. O retábulo-mor, de duas colunas e camarim, apresenta uma tela representando o Martírio de S. Pelágio, pintada em Coimbra por António Gonçalves em Maio de 1856. Existem esculturas de pedra: São Pelágio ou Paio, da segunda metade do séc. XV; Virgem com o Menino (da Graça) dos séc. XVI e XVII. Existe ainda Senhora do Rosário, pedra do séc. XVI; S. António de Madeira do séc. XVII e XVIII, regular. Na Capela Mor, em rodapé, encontram-se alguns azulejos sevilhanos quinhentistas, do séc. XVI, mas colocados modernamente.

O Santuário e Capela de Nossa Senhora dos Milagres

Integrada nos limites da povoação, a sua construção inspirou-se nos tipos regionais

Capela de N.ª S.ª dos Milagres

Capela de N.ª S.ª dos Milagres

setecentistas, como está bem patente no altar-mor e nos altares colaterais.
Foi começada em 1850, aumentada em 1867 e decorada em 1879. Mostra a data de 1851 na porta principal e de 1867 na sacristia.
A sua construção partiu da iniciativa do prior Dionísio Garcia Ribeiro, que alegou ser urgente a construção de um outro templo como alternativa à Igreja Matriz no caso de esta ser interdita. Recebe ainda hoje festa anual, muito concorrida, no dia 15 de Agosto. 
O altar-mor e colaterais são obra da região, imitando em certo modo os do século anterior. Esculturas correntes na época.

Construção e enterramentos no cemitério

Os enterramentos eram, tradicionalmente, feitos no interior das igrejas, nos adros, nos terrenos envolventes e nas cercas dos conventos, ou seja, em Campo Santo. No século XIX começaram a surgir medidas a condenar esse costume, e o governo de Costa Cabral aprovou uma lei de novembro de 1845, que além de várias disposições e carácter tributário, determinava que os enterramentos passassem a ser feitos em cemitérios, fora das povoações, como medida de protecção da saúde pública.

Em São Paio de Gramaços, o Prior Dionísio Garcia Ribeiro, que havia tomado posse a 27 de Janeiro de 1851, como pároco, conseguiu com muita diplomacia, cautela e bom senso construir o novo cemitério, superando a natural resistência e obstinação dos Sampaenses. Queriam estes paroquianos manter os enterramentos num local inapropriado, aonde noutro tempo, estava erigida a sua antiga Igreja (no terreno localizado em frente à antiga escola primária).

Capela do Cemitério

A Capela do Bom Jesus Redentor foi construída em 1909 por iniciativa de António Ribeiro Capela do Cemitériode Vasconcelos, primeiro Director da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. O silhar de azulejos azuis e amarelos que se pode ver no interior, vieram do Colégio de São Bento, de Coimbra. Foram para ali levadas diversas obras dos colégios conventuais de Coimbra. O seu projecto e acomodação foi feito segundo a direcção do professor António Augusto Gonçalves. No retábulo único está um grande crucifixo de madeira, executado por aquele mesmo professor. Nas ombreiras do cruzeiro, em mísulas, levantam-se grandes esculturas, originárias do Colégio de S. Bento mas idas da Sé Velha, S. Gregório Magno e Santo Amaro, do fim do séc. XVII, regulares.
Tem um pequeno cadeiral para os ofícios fúnebres, do séc. XVIII.
A Capela Mor é revestida de azulejos policromos, em tipo de caixilharia recruzetada encerrando florões, o corpo de azulejos azuis e rosas espalmadas.
Sob a Capela Mor ficou uma cripta, jazigo mandado construir pelo Dr. António Garcia Ribeiro de Vasconcelos. Revestem as paredes azulejos do referido tipo de caixilhos.
O retábulo de pedra com baixo relevo de Calcário, foi executado por João Machado pai; com os brasões da família e do bispo que o sagrou. No mesmo cemitério há um nicho de almas, de pilastras, datado de 1787.
É um regalo para os olhos e um mimo para o coração!»., disse dela o poeta Eugénio de Castro.

Prédio ou Casa do Brasileiro
Bonito e elegante edifício de construção robusta, edificado com materiais e pessoas que vieram do Brasil de propósito para o efeito.

(Foto cedida por Alexandre Ruas)

Tem um núcleo central, ladeado por marquises que permitem regular a temperatura, sendo seu chão revestido com bonitos efeitos de madeira exótica. Visualiza-se a garagem com  o carro do Comendador Alexandre Rodrigues no exterior, tendo atualmente um bonito jardim em torno do edifício, que à data da fotografia ainda não estava feito.

Escola Primária

Escola Primária – Mandada edificar pelo benemérito Comendador Alexandre Rodrigues

Centro de dia

Junto de Freguesia e Centro de Dia da Cáritas

Fonte de cima - 1883

Fonte de cima ou de N.ª S:ª dos Milagres – 1883

Fonte de N.ª S:ª dos Milagres – simbologia e partes integrantes.

A nascente e o aquífero da fonte (grande cisterna natural), fica situado por baixo da Capela do Santuário de N.ª S.ª dos Milagres, sendo depois a água orientada para uma cisterna subterrânea, que se situa logo atrás das saídas de água, que permite a decantação, bem como garante que a saída da água se mantenha relativamente estável. Em tempos dizia-se que a bica mais à direita era de melhor água, porque ficava do lado Capela e por isso vinha diretamente da N.ª S.ª dos Milagres. Não passa de um mito, porque de facto ligam ambas ao reservatório, e por isso a água em ambas as bicas vêm do mesmo local.
A existência de duas bicas denota a abundância de água na nascente, que nunca faltou, mesmo no anos de maior calor, em que houve falta de água em vários locais e fontes da região.
Entre as bicas existe um trabalho no granito representativo de uma concha, que é um símbolo da fecundidade, que é a própria água, e simboliza também a prosperidade e a sorte (o simbolismo da fecundidade, do prazer sexual e do erotimo – talvez represente também os muitos encontros de namorados que se davam na fonte ou na ida à fonte).
Para além destes aspetos a fonte de São Paio de Gramaços tem várias características arquitetónicas que não é fácil encontrar noutras fontes, e que nos dias de hoje podemos não perceber porque foram construídas e qual a razão da sua existência.
Ao Centro tem as “bicas”, por onde sai a água, e mais atrás existe um ferro muito grosso que está fortemente agarrado a 2 pedras de granito, fortemente implantadas no chão. Este ferro servia para fixar os bois, as mulas, os animais que transportavam a água, ou os animais que iam guiados à mão e eram ali amarrados para o seu dono ou o homem que os guiava, poder beber água descansado e/ou descansar um pouco.
A água que cai das bicas para a pia antes de chegar ao cimo da pia sai pelo lado direito e é guiada por um sulco feito na rocha (agora esse sulco está tapado, provavelmente por questões higiénicas), até uma segunda pia, ligeiramente mais pequena, que era o local onde se levavam os animais a beber água (bois, mulas, burros, etc.).
Logo de seguida a água era guiada para o lado direito através de um pequeno sulco, caindo num enorme tanque, que ainda hoje é usado para lavar (em especial peças grandes como tapetes), o qual era esvaziado semanalmente para limpeza.
Do lado esquerdo vê-se uma pedra elevada, para onde se transportavam os cântaros cheios de água. Da pedra que está dentro de água, por baixo da “bica”, após o cântaro encher, elevava-se para a borda da pia, e de seguida para o cima dessa pedra. Uma vez em cima da pedra, pela altura que tem, permite que a mulher se “agachasse” e o coloque à cabeça para o transportar.
Portanto desde a saída de água dupla, à existência da pia para os animais beber, o tanque para lavar, o local de amarrar os animais até à pedra elevada para facilitar a colocação do cântaro à cabeça, faz deste conjunto arquitetónico um lugar único a manter e a preservar.
João Sousa Franco – 02/07/2021

Fonte sem qualquer referência a data, localizada junto à “zona velha” e perto do local onde foram encontrados vestígios arqueológicos da pré-história e onde se presume ter existido uma fortificação (torre) romana.
Pelo brasão existente, que se estima ser do séc. XVI, terá sido nesse século que foi construída ou reabilitada (João Sousa Franco – 27/09/2021)

Fonte do fundo

Fonte do fundo

A fonte do fundo é uma antiga fonte de chafurdo, encaixada num muro de suporte do quintal da casa do Dr. João Soares, na rua do salgueiral a caminho da Quinta do Torre.
Entrada em estilo gótico, com cantaria de pedra com tom escuro e corroída, e com ogiva, encimada por uma pedra de armas (brasão), com as armas nacionais portuguesas antigas e por cima a coroa real aberta. Pelo brasão estima-se ser do final do séc. XIV e início do séc. XV, pois a coroa real aberta começou a ser usada por D. Sebastião.
Não existindo outra datação, pelo exposto estima-se que será do reinado de D. João I (1385-1433).
in: Neves, Francisco Correia. Arqueologia Rural – Concelho de Oliveira do Hospital. , p.- 116-117

Sepulturas Antropomórficas (CNS 20.453)
in: Brito, João Silva (sd). Sepulturas Escavadas na Rocha no Concelho de Oliveira do Hospital

Localiza-se na Quinta de Salgodins (designação germano-visigótica), um conjunto de 3 sepulturas, estando a da esquerda sem parte de uma das paredes, tendo essa e a do meio uma almofada definida em ambos os extremos. A do meio tem um rebaixamento a nível das costas e um sulco à sua volta por fora, para escoamento das águas. (dta = 1,84 comp, 0,53 larg, 0,32 alt; centro = 2,04 comp, 0,46 larg e 0,34 alt; esq = 2,00 comp, 0,54 larg e 0,37 alt).
in: Neves, Francisco Correia. Arqueologia Rural – Concelho de Oliveira do Hospital. , p.- 116-117