Publicado por Lucinda Maria Brito em 19/09/2020, às 22:14 horas in: https://www.facebook.com/lucindamaria.brito/posts/3084724851650484


NOGUEIRA DO CRAVO – TOPÓNIMO
Nogueira do Cravo é uma freguesia do concelho de Oliveira do Hospital. É composta por uma série de localidades, incluindo Aldeia de Nogueira, Galizes, Recta da Salinha, Senhor das Almas, Vale de Dona Clara, Vendas de Galizes e Vilela.
Vamos à toponímia e tentemos saber de onde deriva o nome desta linda aldeia.
A antiga Vila de Nogueira, outrora chamada Couto de Nogueira, tendo adquirido seu actual nome desde fins do século XVII, pertenceu ao Senhorio dos Bispos de Coimbra, sendo a sua primeira carta de foral datada em 1177, tendo o concelho sido extinto em 6 de Novembro de 1836, incorporando-se as suas freguesias ao concelho de Oliveira do Hospital. O seu foral episcopal foi dado em Avô e, posteriormente, renovado pelo rei D. Manuel I a 12 de Setembro de 1514.
Em alguns textos medievais aparece escrito Nogeira e no cadastro de 1527, Nogeyra, onde Aldeia vem como Nogeirynha.
Também aparece escrita “Nuduzes” nas actas das Inquirições de 1258. Acrescente-se que, nesta altura, ainda não se chamava “do Cravo”. Mais tarde, em 1721, já é chamada de Nogueira do Cravo.
Na base de Nogueira está o radical latino nux, nucis, noz, de onde se formou nucaria (árvore que dá nozes) e deste proveio o português nogueira. Devido à abundância dessa árvore no local, árvore proveniente do Centro da Europa e Ásia e que, além do fruto, dava a madeira muito usada em marcenaria, deu lugar ao topónimo.
E de onde virá o Cravo? E que cravo será, uma vez que esta mesma palavra pode significar várias coisas?
Há uma outra Nogueira do Cravo, pertencente a Oliveira de Azeméis. Aqui cravo deve ser mesmo alusivo a cravo de ferradura, uma vez que azeméis eram almocreves, condutores de azémolas.
Permanece a dúvida em relação ao nosso “do Cravo”. Terá também a ver com os cravos das ferraduras, já que estas começaram a usar-se por volta do ano 800? Ou será antes referente à bela e aromática flor? Ou terá a ver com uma espécie de tangerina chamada cravo?
Esta freguesia foi desde tempos longínquos pátria de numerosos pedreiros, que criaram uma característica e pitoresca linguagem própria chamada “Os Verbos dos Arguinas”. Esta permitia o diálogo entre os trabalhadores, sem que outros os entendessem. Trata-se de uma gíria que muitos nogueirenses ainda não esqueceram e que é também falada na freguesia vizinha de Santa Ovaia.
Durante vários anos, foi editado um jornal “O Chapinheiro”, fruto da carolice de alguns nogueirenses, mas uma boa publicação, sempre relatando acontecimentos da terra. Pena ter deixado de sair, por razões que desconheço.
Visite Nogueira do Cravo e poderá apreciar um vasto património, a saber:
A Igreja Paroquial, com orago de Nossa Senhora da Expectação, foi reedificada no princípio do século XIX no típico estilo regional de transição dos séculos XVIII e XIX, com a persistência das tradições setecentistas e possui estatuária do século XVI.
Pelourinho de Nogueira do Cravo
Casa do Penedo ou dos Mouros (que segundo a lenda foi construída numa noite)
Casa sete-oitocentista
Casa dos Santos Costa
Fonte da Bica
Igreja da Misericórdia
Capelas de Santa Luzia, de Santo António e de S. Pedro
Cruzeiros do Adro, de Galizes e do Senhor das Almas
Casas do Penedo, dos Mascarenhas e dos Tinoco (esta chamada Casa da Calle)
Coreto do Senhor das Almas
Capelas de N.Srª Conceição (Vilela) e do Senhor das Almas.
Busto de Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, natural de Nogueira do Cravo, explorador português do século XIX. É apontado como o fundador de Moçâmedes.
Cruzeiro de Fundo de Vila,
Fonte da Bica (Vilela),
Palheiro romano (antigo celeiro)
Fontes do Senhor das Almas, das Almas, de Lavadouros, Velha, do Povo, da Fontanheira e da Povoação
Monumento aos Arguinas, esculpido por Luís Queimadela.
Centro Educativo (construído na antiga Escola Primária, muito bem apetrechado e inaugurado no dia 9 de Setembro de 2013)

Lucinda Maria (consulta do livro sobre a toponímia do concelho da autoria do Dr. Francisco Correia das Neves)