Publicado por Lucinda Maria Brito em 11/10/2020, às 18:37 horas in: https://www.facebook.com/lucindamaria.brito/posts/3150714005051568
ALDEIA DAS DEZ – TOPÓNIMO
Aldeia das Dez é uma freguesia portuguesa do concelho de Oliveira do Hospital. Pertence às Aldeias do Xisto, porque embora as suas construções sejam predominantemente em granito, tem também caminhos dessa rocha negra. É uma aldeia miradouro e quase se pode dizer que “do granito se avista o xisto”!
Aldeia das Dez também é conhecida como Aldeia das Flores, pela tradição dos Aldeões decorarem as suas ruas com lindas e coloridas flores.
É também rica em património oral, ilustrado pela Lenda de Aldeia das Dez. Há quem atribua à lenda a razão do topónimo, mas eu prefiro estudar as verdadeiras razões, neste caso históricas. Vamos lá então.
O documento mais antigo que faz referência a Aldeia das Des é uma carta de aforamento de 1456 do “casal de Avelar, onde se cita Afonso Enes e mulher moradores em Aldeia das des. No entanto, no cadastro de 1527, aparece designada apenas por Aldeia, embora mais tarde, na Carta de Isenção do bispo de Coimbra de 17/07/1543 já apareça com a designação de Aldeia das Dez.
Os etimologistas divergem quanto à origem da palavra aldeia. Uns dizem provir do étimo grego Aldainein, com o significado de aumentar, acrescentar. Outros entendem que vem do árabe Aldaiâ, exprimindo povoação ou lugar pequeno. Outros preferem escrever Al-dai’â.
De qualquer modo, já pelos séc. XII/XIII, o vocábulo aldeia (aldeã) tinha o significado de granja, o mesmo que no Alentejo se chama monte. O vocábulo entra no séc. XVI com os dois significados: granja habitada, casal ou pequeno povoado, que veio a consolidar-se.
Nos primeiros séculos da nossa nacionalidade, o termo aldeia (aldeã, aldêa, aldeya, alldea, aldéía) usava-se para designar o mesmo que granja, terreno cultivado com casa, herdade, casal ou povoação pequena. E terá sido essa a origem de Aldeia.
Tudo bem. E porquê “das Dez”? A Aldeia estava ligada a Avô e os terrenos deverão ter sido divididos em dez casais ou granjas, partes ou courelas e daí lhe adveio a segunda parte do topónimo.
Claro que a “Lenda de Aldeia das Dez, lhe atribui uma razão mais misteriosa e romanesca, como quase sempre acontece com as lendas. Poderei contá-la mais tarde e prometo que assim farei.
Aldeia das Dez é uma belíssima terra do meu concelho, aldeia alpendorada sobre as serranias e os rios, um miradouro de onde se avistam paisagens deslumbrantes. Nas suas ruelas pitorescas reina a calmaria e em cada recanto sente-se a peculiaridade das suas gentes.
De património rico e singular, até pelas outras povoações que a integram, como Vale de Maceira, Avelar, Colcurinho, Goulinho, Chão Sobral… A saber:
Igreja Matriz (orago: S. Bartolomeu)
Santuário de Nossa Senhora das Preces (Vale de Maceira)
Jardim Botânico (Vale de Maceira)
Capela de Nossa Senhora das Necessidades (Monte do Colcurinho)
Capelas da Senhora das Dores, de Santo Amaro, de S. Paulo, de S. Francisco, de Santa Margarida, de S. Lourenço e de Santa Eufémia
Cruzeiro
Solar dos Matos Pereira
Casas da Voluta (também conhecida por Casa do “S”), da Fábrica e dos Tavares
Miradouro do Penedo da Saudade
Cipreste monumental
Percursos Pedestres
Rota Imperial
Festa da Castanha
Grandiosos Festejos em Honra de Nossa Senhora das Preces/Romaria das Beiras – Vale de Maceira (1º Domingo de Julho)
Festas em Honra de Nossa Senhora das Necessidades – Monte do Colcurinho (Domingo do Espírito Santo)
Lucinda Maria (Consulta e estudo do livro do Dr. Francisco Correia das Neves sobre a Toponímia do Concelho)