Publicado por Fernando Coelho a 24/01/2018 às 00:18 horas, in:   https://www.facebook.com/groups/385980901544787/)

A PROPÓSITO DE UMA LENDA 

(…)  A propósito, direi que o episódio dum ferreiro que teria ludibriado um pobre camponês de S. Paio, furtando-lhe o ouro e depois de rico partiu para França, tem muita consistência. É que ao tempo de Sancho II, o jovem Domingos Joannes, ( cerca de 1224 ), tratava dos negócios da Corte e teria cometido uma falta grave. A contas com a justiça, foi obrigado ao exílio em França. Para não manchar o nome da família, usou o patronímico “ Joannes” como apelido, deixando o da tradição familiar – o pai, chamava-se João Cardoso, na linha de Soeiro Cardoso , seu avô. Num inquérito de 1290, figura Domingos Joannes como contador do rei ( tesoureiro).
Mais tarde, Frei André do Amaral ( 7º neto de Soeiro Cardoso), não estabeleceu, na solicitação que fez para provimento ao uso de brasão – 23 de Abril de 1515 – a sua sucessão completa, ( como era usual), não indicando nela o nome do seu 5º avô (Domingos Joannes), o que é estranho!. No exílio em França, Domingos Joannes, protegido tacitamente por familiares, nomeadamente pelo Conde de Bolonha, realizou feitos notáveis, sobretudo em Saintes ( 1243), contribuindo para a vitória das tropas de Luis IX de França, sobre as de Henrique III de Inglaterra. A mais na lenda, só a profissão de “ ferreiro”, ( Domingos, não podia ter tal profissão – pertencia à alta nobreza) e já agora a “partida”, como quer a lenda, do cavaleiro para França, tem o sabor de um “ exílio”.

Obs. Há documentos comprovativos.